quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Fim de semana em Praga?


Pois que seja... vamos procurar os tugas!

Voltamos segunda, portem-se bem!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Berlim 10-17/02/09 Ich bin ein Berliner - parte 2

Como o prometido é devido, vamos à segunda parte da viagem...

Sexta-feira de manhã Berlim presenteou-nos com um Sol extremamente simpático, que nos fez preguiçar até tarde no nosso dormitório improvisado. O dia seria passado em Potsdam. Em termos históricos, o local da conferência de Potsdam, no pós II Grande Guerra Mundial. Em termos sociais, uma simpática e calma cidade a menos de uma hora de Berlim. Além do mais, já há uns anos que ouço falar dela, pelo menos desde que acompanhava o blog de um ex-aluno da UTAD (o xôr Luís), e fazia parte do meu imaginário.O Sol era bastante enganador, e o nosso passeio por Sanssouci foi feito sempre a bater o dente.


Os jardins lembram Versalhes, como nos dizia papá Pablo, promovido de professor de História a educador.Há imensas estátuas em todos os jardins, foi pena não as podermos ver, o Inverno rigoroso parece exigir que sejam cobertas. No lago gelado, havia um batalhão de patos e alguns cisnes, por todo o jardim havia um tapete branco fofinho... E aqueles bancos tão confortáveis, com o Sol enganador de Fevereiro. Assentámos arraiais em frente do Palácio Neuel, e atacámos umas fatias de paio e presunto espanhóis, com pãozinho alemão, que nem vos conto! Isto perante o olhar de estranheza de quem passava, e nos tomava por sem-abrigo, a comer no meio do parque num

dia daqueles.A terminar a voltinha pelo parque, a Lídia saiu-se com esta em frente dos dois palácios gémeos "Los palacios son iguales, claro, este es para Princesa Sissi y aquel para Princesa Nono!", e
assim nos salvámos do ponto de congelamento, a rir às gargalhadas...De volta ao centro de Potsdam, tinha encontro marcado com o Luís, e com um chocolate quente também, que o tempo assim o exigia. Rapaz, obrigada pelas duas horas em que pude falar Português nesta viagem! Começava a sentir-me incapaz de coordenar frases na minha própria língua, salvaste-me!





Como dia 14 o Pablo fazia anos, achámos por bem preparar algo para a meia-noite, e cantar-lhe os Parabéns. Claro que nos lembrámos disto às onze e meia, e tudo o que se arranjou foi uma fatia de pão-de-forma, com 4 fósforos que teimavam em não acender. "Cumpleaños feliz!" e tal, e acabámos por sair com o rapaz, para celebrar. Uma vontade de ficar em casa, aninhada no saco-cama, que nem se conta, mas ele merecia... e mandava!E assim acabámos no Cassiopeia, numa festa latina onde imperava a música pimba mais pimba de toda a Espanha, com alguns momentos de música tragável pelo meio. Bem bebidos, bem bailados, e alguns melhor acompanhados que outros, que noite foi esta. E que madrugada, que voltar a casa só
quando o dia já raiava. Pequeno-almoço a boa hora, e depois ala que se faz tarde, dormir. É por isto que posso dizer que o Sábado não existiu, para nós (alguém o viu?). Preguiçar, tagarelar, ganhar coragem e ir comprar algo para comer.
Terminou-se o dia a ver o "Play it again, Sam" do Woody Allen, e uma boa parte do "Casablanca". Pelo menos, até ao sono chamar de novo. Sábado não
existiu, bem digo!





































Domingo demos folga ao nosso professor (ainda por ser o seu fim-de-semana de aniversário), e fomos onde tínhamos de ir. Visitar um campo de concentração não é coisa que deixe ninguém aos pulos de contente, mas fazia sentido para nós conhecer e visitar o campo da capital, em Sachsenhausen.Todos aprendemos imenso sobre o regime nazi no liceu, todos vimos filmes sobre o Holocausto, temos a noção racional de que tudo foi uma enorme atrocidade, mas nada nos prepara para a realidade palpável de um campo de concentração. A monstruosa frase à entrada "O trabalho liberta!", a arquitectura triangular que permitia um controlo total com uma única arma, na Torre, os barracões mínusculos e desumanos onde líamos que viviam até 400pessoas... e todos os pormenores macabros, mesquinhos, selvagens, que fomos descobrindo... Passámos 4 horas ali, e quase não nos falámos. Olhos baixos, evitar as lágrimas, tentar aprender com o erro gigantesco do terror nazi. "Para que nunca mais!", a frase que ouvi há já tantos anos, ecoava na minha cabeça a cada imagem, a cada pessoa. Saímos quase ao anoitecer, nevava e o vento era gelado. Como sobreviveram aqueles poucos que foram salvos?

Voltámos para Berlim, fisica e emocionalmente cansadas. Acabámos de ver "Casablanca" pela noitinha, também ele um espelho da Guerra. Saímos para umas cervejas num bar do bairro, um sítio original chamado Liberacion.Segunda-feira, entre o tornozelo magoado da Lídia e o estado geral de gripe da Marta, éramos escombros... Deixámos a miúda da gripe em casa e fomos para uma última voltinha pelo centro da cidade.

Almoço às 6 da tarde, antes da visita à "Casa ocupa" de Tachelles. Que síto mais... extraordinário! Um prédio de 5 ou 6 pisos, ocupado "em ilegalidade" por todo o tipo de artistas, performers, artesãos, onde se entra livremente e se age livremente. Apaixonámo-nos todos pelos quadros de Alexander Rodin, telas enormes com um toque surrealista
que nos encheram completamente as medidas. A casa ocupa define muito do espirito de Berlim: rebelde, inconformada, de rua, livre de regras e horários!
Que lugar! Uma última cerveja no já familiar Liberacion e despedimo-nos das ruas de Berlim... nevava, fazia frio... Inverno duro, este!



Bem, o essencial (e muito acessório, vá!) ficou aqui... Mais do que fotos, revisões ou postais, ficou um sentimento de pertença a uma nova cidade (começam a ser algumas, as que me arrebatam), e uma semana completamente louca. Sim, só dissemos asneiras, todo o tempo. Sim, o Karma castiga... Castigou uma última vez, com um voo com hora e meia de atraso. Mas conseguimos, e saímos com mais meia dúzia de histórias, e uma nova visão.


Parafraseando livremente o amigo Humphrey Bogart, "We'll allways have Berlin!"

Vá, agora vamos para o F! ;)

Ahh, o resto das fotos de Berlim estão aqui, no Facebook, disfrutem!
















Berlim 10-17/02/09 Ich bin ein Berliner

Diz-se das épocas de exames que são alturas em que nada se passa, pelo menos nada de extraordinário. As pessoas fecham-se em casa ou na biblioteca, agarram-se aos livros, mudam a sua rotina e muitas vezes a disposição, e, quando se dá por ela, tudo passou já.

De Janeiro em Kosice pode-se dizer que foi uma normal época de exames, mas com Fevereiro a história é outra.

Esta história começa no dia em que nos demos conta que havia uma semana "por ocupar" em Fevereiro, um limbo entre o fim dos exames e o princípio das aulas. "Há que fazer algo de útil", pensámos nós. E decidimo-nos pela ansiada road-trip. Depois de umas quantas consultas de mapas, além da consulta popular, pusemos de lado a ideia "Sérvia-Bósnia-Bulgária" e decidimos visitar a Roménia. Uma semana, um carro, primeiro 7 e depois 4 pessoas, e todo um enorme país para conhecer. Cluj, Brasov, Sibiu, Bucharest e o objectivo máximo de chegar a Constanta e tocar o Mar Negro. Fernanda, Lídia, Blanca e Marta, as 4 à aventura!
Durante semanas tudo se planeou... até que na véspera caiu em Kosice um nevão monstruoso. Como moças que temem pela sua vida e não querem passar mais tempo a conduzir pela neve que a fazer turismo que somos, abortámos o plano.Punha-se então um problema: "Que raio fazemos?"
Algumas das ideias:
-Vamos à Ucrânia!! ("que assim carimbam-me o passaporte", dizia a Lidia)

-Vamos à Grécia de autocarro (só não fomos porque o Marios estava a dormir)

-Vamos a Praga e a Viena de comboio!

-Vamos a Istambul! Queremos tempo quente!

-Vamos ver para onde há voos baratos...
...e foi a última ideia que pegou! Consulta rápida, voos de Budapeste-Berlim a 100euros ida e volta, um milagre divino, e a Blanca que ainda por cima tem um amigo de Erasmus lá. Uma chamada, três horas a reservar os voos (ora a Internet não funcionava, ora o próprio site dava erro), e assim se marcou a viagem de Fevereiro! Para o dia seguinte! Depois de duas semanas de planos, de repente éramos mestras na arte de planear uma viagem em 4 horas. Pois que seja! Berlim esperava-nos.
Saímos de Kosice terça-feira, a meio da manhã, num comboio azarado, que parou no meio do nada, sem explicações, algures a uma hora de Budapeste. O karma começava a fazer das suas!
Consegui superar-me no aeroporto de Budapeste, com o meu problema da mala. "A sua mala é demasiado grande para mala de mão!", "Mas cabe!" dizia eu, enquanto espremia a mala dentro do cubo cor-de-laranja com os limites de volume. Custou, mas coube. E o "Happy????" que atirei à loira hiper-antipática quando a mala entrou, valeu-me um "No, you have to check it in...". A esta hora já todos os presentes olhavam para a cena, mistura de pena e vontade de rir, e a mala que não me saía do raio do cubo. À força de tanto puxar, acabei a espetar com a estrutura do cubo na cabeça da Marta, e foi vermelha de raiva que atirei uma nota de 50euros para cima do balcão e perguntei "How much do I owe you???". Ela, impassível, loira e cruel, disse "It's not here. You have to pay it there, on the right!". Tramou-me! Que vergonha... e 17 euros tão mal gastos.Com medo que lhes acontecesse o mesmo, as outras miudas esconderam as malas, e assim escaparam ao check-in. Embarcámos com a certeza de que o karma nos perseguia...Em Berlim, tudo correu bem na primeira noite. O amigo da Blanca é um tipo simpático e bem-disposto, que ocupa o seu Erasmus a dormir até tarde, e parecia disposto a guiar-nos por todos os cantos da cidade. Como um gentleman, foi esperar-nos ao aeroporto.
Apresentou-se-me como Pablo, "Yo sou de Abrantes!", na sua opinião, uma frase em português perfeito. Tal como a Blanca, ele mora num bairro de Madrid onde as ruas têm nomes de cidades de Portugal...
Mora num típico apartamento berlinense, que partilha com um alemão peculiar, na zona Este da cidade. Para começar bem a visita, fomos a uma jam-session, numa igreja antiga que se transformou em teatro/café-concerto, a Theatre Kapelle.

Jazz, soul, improviso, um ambiente boémio e acolhedor (checkar aqui http://www.myspace.com/thenewstandardjamsession ). Óptimo!
Depois do merecido descanso (um grupo de marmotas, segundo o Pablo), despertámos quarta-feira para um passeio pela cidade. Kebab para almoço, e uma caminhada pela zona do Muro, onde encontrámos pedaços da História recente da Europa. O Pablo estuda História, por isso imaginem o quão completa foi esta visita. Como o dia estava especialmente frio, fomos até à Humboldt, onde o rapaz parece que estuda, e daí fizemos mais uma caminhada por entre a Ópera, o Monumento aos Livros Queimados, o monumento às Guerras (despojado, frio, estranhamente tocante), e tivemos a primeira visão da Berliner Dom. Pela noite, a destacar-se junto ao rio, é uma das visões de Berlim que mais me apaixonou. E parece ainda maior, iluminada pelas luzes que parecem colocadas do modo mais perfeito que se possa imaginar.
Seguimos para a conhecida Alexanderplatz (como todos sabem, a praça do Alejandro Sanz... :P ), e quarta-feira teve uma noite com um serão calmo, como merecíamos.

Quinta foi o dia de romaria. Verdadeiras turistas, munidas de um guia extremamente completo (leia-se, o amigo da Blanca!), visitámos a Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche, uma igreja protestante destruída durante bombardeamentos em 1943. De uma imensa igreja, restou a zona da entrada, que se mantém como Memorial.
A forma caracteristica da torre, meio destruída, sem vitrais, é enquadrada por outros dois edificios, construídos já nos anos 50-60. Tenho a confessar que são muito feios por fora, mas o interior, onde a luz tem tons azulados e se escuta o enorme órgão de tubos, é realmente especial.O resto da manhã levou-se entre um troço de Tiergarten, o maravilhoso Anjo da Vitória, o monumento ao Soldado (imponente, diga-se), o Reichstag e a Porta de Brandenburgo. Ecoava o sentimento de pertença de Kennedy "Eu também sou de Berlim!" Sentíamos que estávamos a pisar pontos importantes da cidade, e o Pablo reforçava essa certeza, com pequenos apontamentos e pequenas histórias. A sensação de pisar ruas com um passado tão rico, e tão terrível, é de uma responsabilidade enorme. Por nós, pelo nosso futuro.

Desde Brandenburgo caminhámos até Potsdamer Platz, passando pelo Memorial do Holocausto, uma construção impressionante que homenageia as vítimas do terror nazi. Em Potsdamer Platz, sentimos o pulsar da nova Berlim, com o Sony Center e a sua cúpula ultra-moderna, e um toque de Berlinale.

Apesar de não termos assistido a filmes, ouvimos um pouquinho de uma entrevista com a René Zellweger, e respirámos a cidade do cinema.

Depois de um almoço preguicento (aonde?? no Kebab!), fomos durante a tarde até ao Checkpoint Charlie (mítico lugar de passagem Este-Oeste), vimos a Topografia do Terror, caminhámos pelas ruas chiques do Quartier 206,

onde um parzinho de sapatos custa 4 digitos,e aproveitámos a entrada gratuita no Museu de História Antiga. "Toda a Arte já foi contemporânea" deu o mote para a nossa visita à bela Nefertiti.

E esta é a metade da nossa crónica de viagem (para maior conforto do leitor e meu, que ainda não recuperei de uma semana a dormir no chão). Uma formatação horrenda do post, mas não consigo melhor, hoje! As fotos estão no álbum do Facebook, são algumas das milhentas ;)
Amanhã há mais! :)