quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Berlim 10-17/02/09 Ich bin ein Berliner - parte 2

Como o prometido é devido, vamos à segunda parte da viagem...

Sexta-feira de manhã Berlim presenteou-nos com um Sol extremamente simpático, que nos fez preguiçar até tarde no nosso dormitório improvisado. O dia seria passado em Potsdam. Em termos históricos, o local da conferência de Potsdam, no pós II Grande Guerra Mundial. Em termos sociais, uma simpática e calma cidade a menos de uma hora de Berlim. Além do mais, já há uns anos que ouço falar dela, pelo menos desde que acompanhava o blog de um ex-aluno da UTAD (o xôr Luís), e fazia parte do meu imaginário.O Sol era bastante enganador, e o nosso passeio por Sanssouci foi feito sempre a bater o dente.


Os jardins lembram Versalhes, como nos dizia papá Pablo, promovido de professor de História a educador.Há imensas estátuas em todos os jardins, foi pena não as podermos ver, o Inverno rigoroso parece exigir que sejam cobertas. No lago gelado, havia um batalhão de patos e alguns cisnes, por todo o jardim havia um tapete branco fofinho... E aqueles bancos tão confortáveis, com o Sol enganador de Fevereiro. Assentámos arraiais em frente do Palácio Neuel, e atacámos umas fatias de paio e presunto espanhóis, com pãozinho alemão, que nem vos conto! Isto perante o olhar de estranheza de quem passava, e nos tomava por sem-abrigo, a comer no meio do parque num

dia daqueles.A terminar a voltinha pelo parque, a Lídia saiu-se com esta em frente dos dois palácios gémeos "Los palacios son iguales, claro, este es para Princesa Sissi y aquel para Princesa Nono!", e
assim nos salvámos do ponto de congelamento, a rir às gargalhadas...De volta ao centro de Potsdam, tinha encontro marcado com o Luís, e com um chocolate quente também, que o tempo assim o exigia. Rapaz, obrigada pelas duas horas em que pude falar Português nesta viagem! Começava a sentir-me incapaz de coordenar frases na minha própria língua, salvaste-me!





Como dia 14 o Pablo fazia anos, achámos por bem preparar algo para a meia-noite, e cantar-lhe os Parabéns. Claro que nos lembrámos disto às onze e meia, e tudo o que se arranjou foi uma fatia de pão-de-forma, com 4 fósforos que teimavam em não acender. "Cumpleaños feliz!" e tal, e acabámos por sair com o rapaz, para celebrar. Uma vontade de ficar em casa, aninhada no saco-cama, que nem se conta, mas ele merecia... e mandava!E assim acabámos no Cassiopeia, numa festa latina onde imperava a música pimba mais pimba de toda a Espanha, com alguns momentos de música tragável pelo meio. Bem bebidos, bem bailados, e alguns melhor acompanhados que outros, que noite foi esta. E que madrugada, que voltar a casa só
quando o dia já raiava. Pequeno-almoço a boa hora, e depois ala que se faz tarde, dormir. É por isto que posso dizer que o Sábado não existiu, para nós (alguém o viu?). Preguiçar, tagarelar, ganhar coragem e ir comprar algo para comer.
Terminou-se o dia a ver o "Play it again, Sam" do Woody Allen, e uma boa parte do "Casablanca". Pelo menos, até ao sono chamar de novo. Sábado não
existiu, bem digo!





































Domingo demos folga ao nosso professor (ainda por ser o seu fim-de-semana de aniversário), e fomos onde tínhamos de ir. Visitar um campo de concentração não é coisa que deixe ninguém aos pulos de contente, mas fazia sentido para nós conhecer e visitar o campo da capital, em Sachsenhausen.Todos aprendemos imenso sobre o regime nazi no liceu, todos vimos filmes sobre o Holocausto, temos a noção racional de que tudo foi uma enorme atrocidade, mas nada nos prepara para a realidade palpável de um campo de concentração. A monstruosa frase à entrada "O trabalho liberta!", a arquitectura triangular que permitia um controlo total com uma única arma, na Torre, os barracões mínusculos e desumanos onde líamos que viviam até 400pessoas... e todos os pormenores macabros, mesquinhos, selvagens, que fomos descobrindo... Passámos 4 horas ali, e quase não nos falámos. Olhos baixos, evitar as lágrimas, tentar aprender com o erro gigantesco do terror nazi. "Para que nunca mais!", a frase que ouvi há já tantos anos, ecoava na minha cabeça a cada imagem, a cada pessoa. Saímos quase ao anoitecer, nevava e o vento era gelado. Como sobreviveram aqueles poucos que foram salvos?

Voltámos para Berlim, fisica e emocionalmente cansadas. Acabámos de ver "Casablanca" pela noitinha, também ele um espelho da Guerra. Saímos para umas cervejas num bar do bairro, um sítio original chamado Liberacion.Segunda-feira, entre o tornozelo magoado da Lídia e o estado geral de gripe da Marta, éramos escombros... Deixámos a miúda da gripe em casa e fomos para uma última voltinha pelo centro da cidade.

Almoço às 6 da tarde, antes da visita à "Casa ocupa" de Tachelles. Que síto mais... extraordinário! Um prédio de 5 ou 6 pisos, ocupado "em ilegalidade" por todo o tipo de artistas, performers, artesãos, onde se entra livremente e se age livremente. Apaixonámo-nos todos pelos quadros de Alexander Rodin, telas enormes com um toque surrealista
que nos encheram completamente as medidas. A casa ocupa define muito do espirito de Berlim: rebelde, inconformada, de rua, livre de regras e horários!
Que lugar! Uma última cerveja no já familiar Liberacion e despedimo-nos das ruas de Berlim... nevava, fazia frio... Inverno duro, este!



Bem, o essencial (e muito acessório, vá!) ficou aqui... Mais do que fotos, revisões ou postais, ficou um sentimento de pertença a uma nova cidade (começam a ser algumas, as que me arrebatam), e uma semana completamente louca. Sim, só dissemos asneiras, todo o tempo. Sim, o Karma castiga... Castigou uma última vez, com um voo com hora e meia de atraso. Mas conseguimos, e saímos com mais meia dúzia de histórias, e uma nova visão.


Parafraseando livremente o amigo Humphrey Bogart, "We'll allways have Berlin!"

Vá, agora vamos para o F! ;)

Ahh, o resto das fotos de Berlim estão aqui, no Facebook, disfrutem!
















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